Muitos termos médicos são quase que impronunciáveis e outros, por sua semelhança, acabam por confundir os pacientes. Um exemplo frequente é o da fertilização e inseminação, dois procedimentos distintos em reprodução assistida e que são usados frequentemente como sinônimos.
A fertilização “in vitro”, ou “bebê de proveta” como é chamado popularmente, é um tratamento que consiste na união do óvulo com o espermatozoide e possui várias fases:
1ª – Estimulação da ovulação: utiliza-se a estimulação dos ovários para que se obtenham mais óvulos do que em um ciclo natural, que normalmente produz só um óvulo. Esse estímulo deve ser acompanhado de ultrassonografias e dosagens hormonais para que se possa determinar o melhor momento de sua retirada.
2ª – Retirada dos óvulos: é realizada através de punção orientada por ultrassonografia transvaginal, por volta de 36 horas após a administração da última injeção de hormônio. É a única parte do tratamento onde a paciente é anestesiada.
3ª – Inseminação dos óvulos: após a coleta dos óvulos e dos espermatozoides se realiza a inseminação que pode ser feita de duas maneiras. Na fertilização convencional os óvulos ficam em contato com os espermatozoides e estes penetram o óvulo para que ocorra a fertilização. A outra técnica é a injeção intracitoplasmática (ICSI), onde se introduz um espermatozoide no óvulo com o auxilio de uma micropipeta.
4ª – Cultura no laboratório: os embriões são mantidos em meio de cultura nas estufas especiais, sendo analisados quanto a sua capacidade de divisão e morfologia.
5ª – Transferência dos embriões: normalmente, após o 3º dia da retirada dos óvulos, é realizada a colocação dos embriões, com o auxílio de uma cânula (cateter), dentro da cavidade uterina. É um procedimento rápido e não necessita de anestesia. Atualmente, quando possível se realiza a transferências dos embriões no 5º dia de desenvolvimento quando atingem a fase de blastocisto.
Indica-se a fertilização in vitro em mulheres com comprometimento da função das tubas uterinas ou mesmo sua ausência devido a cirurgias, endometriose, falha em tratamentos anteriores, parceiro com alteração nos espermatozoides, entre outros.
A inseminação consiste na colocação de espermatozoides, previamente preparados em laboratório, no sistema reprodutor feminino, e o que se faz mais na prática é a introdução intra uterina. Nesse procedimento também se realiza a estimulação dos ovários pelos mesmos motivos expostos anteriormente, controla-se o período no qual a mulher estará ovulando e então é realizada a introdução dos espermatozoides preparados no interior do útero, através de um cateter. Não é necessário uso de anestesia em nenhum dos passos do processo, sendo uma técnica mais simples do que a anterior.
Para a sua realização, a mulher necessita ter pelo menos uma das tubas uterinas normais, isto é, sem nenhum grau de obstrução. É indicada nos casos de diminuição não importante do número de espermatozoides, distúrbios de ovulação, infertilidade sem causa aparente, acometimentos do colo uterino, etc.
Doutor Armindo Dias Teixeira
Médico ginecologista formado pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e especialista em medicina reprodutiva e cirurgia minimamente invasiva.